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The Saga of Tanya the Evil - Entrevista com o autor Carlo Zen

  • Foto do escritor: Allan Kryese
    Allan Kryese
  • 11 de jun. de 2019
  • 7 min de leitura

Eae galerinha! Tudo na paz por aí?


Trago para vocês hoje uma entrevista do autor Carlo Zen das novels The Saga of Tanya the Evil, que é a mídia original da história, onde ele fala um pouco sobre o desenvolvimento, e também da tradutora responsável por lançar essas novels aqui no ocidente, a gloriosa Emily Balistrieri (responsável também por traduzir Overlord para o inglês), que também conversa sobre o desafio de traduzir essas histórias e os dois ainda falam um pouco sobre o filme lançado nos cinemas americanos em Maio. Sente-se confortavelmente e vem comigo!


Uma das ironias mais intrigantes sobre The Saga of Tanya the Evil é ser vendida como uma "Light Novel", uma vez que ela não tem particularmente nada de "light" em qualquer sentido da palavra. O livro é grande e pesado, a história trata de sérios aspectos de guerra e política, a narrativa é densa com referências a estratégias militares e momentos históricos do mundo real.


Mais que qualquer coisa, The Saga of Tanya the Evil é uma obra de um geek hardcore. Mesmo contando uma história aparentemente simples de um um homem que reencarnou como uma garotinha em um mundo de fantasia, a história reflete interesses pessoais de Carlo Zen em várias áreas de estudo. Em uma conversa com Carlo Zen e a tradutora do livro para o inglês, Emily Balistrieri, me ocorreu que The Saga of Tanya the Evil é, principalmente, o tipo de trabalho possível graças a paixão do autor por seu hobby.


De qualquer forma, ao invés de ser publicado por Shousetsuka ni Narou ("Vamos nos tornar novelistas!") ou Kadokawa-owned Kakuyomu ("Escreva-e-Leia"), a obra foi entregue a Arcadia, um antigo site para aspirantes a escritores publicar seu trabalho online.


"Uma das maiores diferenças entre Arcadia e Narou é que Arcadia não tem um sistema de ranking," explicou Carlo Zen. "Isso encoraja os leitores a darem feedbacks detalhados aos autores, o que realmente me ajudou evoluir como escritor. Não consigo agradecer os meus leitores o suficiente por terem feito The Saga of Tanya the Evil como é hoje."


Em 2013, The Saga of Tanya the Evil se tornou uma série de livros publicada pela Enterbrain. Desde então, rapidamente se tornou um sucesso, e em meados de 2017 ganhou uma adaptação para anime. Neste mesmo ano a obra, traduzida para o inglês, foi publicada pela primeira vez pela Yen Press, embora Carlo Zen não se lembre dos detalhes específicos por estar envolvido com a adaptação do anime na época.


"Toda aquela época é como um borrão. Certamente era um objetivo ser publicado no ocidente porque abre o seu trabalho a uma audiência completamente nova. Me lembro de pensar a mesma coisa quando foi lançado em outros países da Asia." A publicação Taiwanesa lançou a série em 2014, e a versão Coreana veio em 2015.


Em 2019, The Saga of Tanya the Evil recebeu uma sequência em um filme animação, que estreou no Japão em Fevereiro e nos Estados Unidos em Maio. The Saga of Tanya the Evil é também uma das quatro séries do crossover Isekai Quartet, que estreou em Abril. É impressionante pensar que a história que começou como apenas um hobby chegou tão longe em apenas oito anos, mas para a tradutora da obra para o inglês não é tão surpreendente assim.


"The Saga of Tanya the Evil despertou meu interesse em história."


Emily Balistrieri nunca foi muito fã de histórias militares. Na verdade, ela confessa que traduzir The Saga of Tanya the Evil deu a ela muito trabalho, especialmente no começo.


"Confesso que cometi alguns erros. Por exemplo, eu não sabia nada sobre o anúncio de Shackleton, então eu não traduzi a referência corretamente. Vi pessoas reclamando sobre isso na internet, então me certifiquei de usar os termos corretos na versão do manga."


O anúncio de Shackleton se refere a uma famosa advertência atribuída a Ernest Shackleton publicada no The Times para recrutar membros para uma expedição de resistência, onde se lia "Procura-se homens para uma jornada perigosa. Salário baixo, frio intenso e muitas horas em completa escuridão. Retorno seguro pouco provável. Honra e reconhecimento em caso de sucesso." (apenas a observação de que a nota original nunca foi encontrada e o próprio anúnico em si é considerado um mito.) Em The Saga of Tanya the Evil, Tanya usa uma nota similar para recrutar membros para sua causa.


"Foram pequenos detalhes como este que mais dificultaram," Balistrieri admitiu. Porém foi através de The Saga of Tanya the Evil que ela acabou aprendendo mais e passou a apreciar a história. "Uma das razões que me fez concordar em traduzir a obra foi porque eu queria aprender mais. Enquanto traduzia os primeiros volumes eu assisti Dunkirk e Darkest Hour - ambos muito interessantes. Também li All Quiet on the Western Front, e embora tenha gostado bastante, Storm of Steel de Ernst Jünger foi o que mais me impactou. Guerra é terrível, e é por isso que não devemos nunca nos esquecer."


Uma das razões por que Carlo Zen originalmente escreveu The Saga of Tanya the Evil se dá porque a história da Primeira Guerra Mundial não é tão conhecida no Japão, especialmente o lado Europeu da guerra. "Eu realmente queria mostrar o que esta guerra teve de interessante porque ela foi de vital importância para a época que vivemos hoje. E ao mesmo tempo, a Segunda Gerra Mundial é mais familiar para os leitores Japoneses. então coloquei elementos dessa guerra também como forma de referência. Em essência, a inspiração para The Saga of Tanya the Evil se encontra em algum lugar entre essas duas guerras."


"Mas vocês não devem usar meus livros para aprender sobre fatos históricos," Carlo Zen acrescenta depressa. "Tomei toda a liberdade que pude ao escrever. É um conto, não um livro de história."


Os comentários do autor e da tradutora levantaram questionamentos interessantes. O quanto de história é preciso conhecer para poder apreciar The Saga of Tanya the Evil? Quando sugeri que que talvez leitores de países ocidentais poderiam ser mais recptivos à obra por se passar em um período que os Europeus conhecem bem, Carlo Zen não teve tanta certeza. "Porque a obra foi escrita para a audiência Japonesa, eu inseri explicações resumidas sobre coisas que talvez eles não saibam e talvez os ocidentais não precisassem dessas explicações, ou talvez preferissem explicações sobre outras coisas ao invés. Ou talvez eu tenha errado e nunca percebido."


"Acredito que seja o oposto," Balitrieri sugere. "Ocidentais são mais familiares à Europa, então podem acabar não percebendo o apelo de uma história Japonesa abordando o cenário Europeu."


Há também a questão de diferentes países terem diferentes lembranças sobre essas guerras, o que afeta a forma como vão enxergar The Saga of Tanya the Evil. Carlo Zen deixa claro que, embora The Saga of Tanya the Evil tenha elementos da Segunda Guerra Mundial, ele deliberadamente optou por não incluir referências ao nazismo.


"Falando particularmente, eu odeio nazistas. Não caberia eu escrever uma história que mostra nazistas fazendo coisas legais. Se eles fizessem parte da obra, seria muito mais simples mostrar qual lado era o mal puro, mas histórias sobre genocídios devem ser tratadas com muita sensibilidade. O Império nesta história é baseado no cenário hipotético em que o império alemão se unificou sob a Großdeutsche Lösung ("Maior solução Alemã"), de modo que todos os povos de língua alemã se uniram sob um único estado. Se a paz tivesse sido mantida ao longo da década de 1910 e a guerra estourasse depois, durante os anos entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o quão diferente teriam sido as coisas? Neste cenário, não haveria espaço para que um demagogo como Hitler chegasse ao poder."


É por essa razão que Carlo Zen não gostou do termo "loli nazi", que já chegou a ser usado pela audiência de língua inglesa para descrever Tanya. "Quando vi o termo, pensei. 'hmm, que estranho, como chegaram a esse pensamento?' Ela certamente não é uma heroína, mas também não é má a esse ponto. Definitivamente, ela é pragmática."


"Se você é fã de ação, definitivamente irá amar o filme."


O anime e as novels são dois caminhos de experiência completamente diferentes da história. Balistrieri recomenda o anime e o manga (adaptado por Chika Toujou) para os que apreciam elementos de ação, enquanto as novels são indicadas para pessoas que querem mergulhar de cabeça e se aprofundar no contexto da história.


"Todas as verões são fantásticas em suas particularidades. Se você é fã de ação, você definitivamente vai amar o filme porque ele puxa especificamente para esse aspecto. Eu assisti no cinema no dia da estréia e adorei."


Entretanto o filme é tecnicamente uma sequência do anime original exibido na TV, o enredo é composto por vários elementos dos livros, e colocados de uma forma que se adapta a estrutura narrativa de um filme.


"Se você me perguntar se é um 'novo trabaho', então sim, eu diria que é um novo trabalho, mas não totalmente original," explica Carlo Zen. "Se você leu as novels, verá que existem partes familiares e outras que são um pouco diferentes."


O filme segue as desventuras de Tanya nas colônias do deserto da República e nas terras congeladas da Federação. Tanya enfrenta uma jovem maga chamada Mary Sue, filha do soldado que matou Tanya em batalha.


"Sim, eu nomeei Mary Sue de propósito em referência a personagens super poderosos presentes em fanfics da língua inglesa," diz Carlo Zen. "O envolvimento de Mary Sue na história representa uma certa intervenção divina, que acredito que vocês irão entender quando virem o filme."


Outro anime de Tanya para assistir é Isekai Quartet, uma comédia diferente que apresenta os personagens de The Saga of Tanya the Evil interagindo com personagens de Re:Zero, KONOSUBA e Overlord. Carlo Zen diz que tentar manter a caracterização dos personagens consistente para o anime foi um desafio, tanto que ele se sentiu tentado a deixar Tappei Nagatsuki, autor de Re:Zero, supervisionar as partes de Tanya ao invés de fazer ele mesmo. No entanto, ele acabou fazendo sua parte de forma satisfatória.


The Saga of Tanya the Evil está sendo exibido em mais de 500 salas de cinema nos Estados Unidos desde de 16 Maio. Isekai Quartet estreou em 6 de Abril. A Yen Press, até o momento, publicou os primeiros cinco volumes da novel em inglês, bem como os primeiros 6 volumes do manga.


No Brasil, é possível assistir os 12 episódios do anime The Saga of Tanya the Evil pela plataforma Crunchyroll completamente dublado em português, mas ainda não temos informações se o filme também virá para o Brasil, ficamos na torcida.


Em Abril o mangá de Tanya the Evil passou a ser publicado no Brasil pela editora Panini, a publicação conta com papel offwhite e capa com acabamento em verniz, a primeira edição da obra adaptada por Chika Toujou tem 4 páginas coloridas e vem com um postal de brinde. O preço de capa é de R$21,90.


Valeu galerinha, até a próxima!!



Entrevista original em inglês por Kim Morrissy: Anime News Network

Tradução para o português por Allan Kryese: Vamos Falar de Manga?

 
 
 

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